terça-feira, 6 de março de 2012

O RIO DE JANEIRO CONTINUA LINDO - Parte 2 (continuação)

















A Pça XV de Novembro, sem dúvida pode ser considerada um dos locais mais importante da cidade do Rio de Janeiro, porque nela ocorreram, durante vários séculos, os acontecimentos mais significativos que afetaram o destino não só da cidade, mas também do país.
No nício do século XVII, quando o Morro do Castelo começou a ser pequeno para a cidade, esta lançou-se para a Várzea, onde já existia uma ermida, erguida para Nossa Senhora do O', localizada numa área muito pantanosa que passou a ser conhecida como Terreiro do Ó. Posteriormente o local passou a ser o Terreiro da Polé, porque nele foi instalado o tronco, instrumento de tortura para castigar os negros.
Depois também ficou conhecido como Largo ou Rossio do Carmo, porque ficava em frente ao Convento do Carmo, passou a ser o Largo do Paço, porque nele estava localizada a casa que foi o Paço dos Governadores, Paço dos Vice-Reis, Paço Real e Paço Imperial. Com a Proclamação da República, em 1889 passou a ser a Praça Quinze de Novembro e sofreu uma reforma em 1894 para o novo ajardinamento e a inauguração da Estátua do General Osório.
Na Praça ficava o antigo Porto do Rio, com o Cais Pharoux, nele era da família Sá o trapiche de Ver o Peso, apropriado por Salvador Correia de Sá e Benavides em 1636 e que ficou sob o controle da família até 1850. Este trapiche encontrava-se mais ou menos no lugar onde hoje está o Espaço Cultural dos Correios, ao lado da Casa França Brasil e o acesso ao trapiche foi a origem da Rua do Ouvidor.























O Chafariz da Pirâmide(imagem acima) foi construído no Largo do Carmo, na beira do Cais, em 1779, para substituir outro existente no meio do Largo, visando melhor atender ao movimento de abastecimento de água das embarcações do   Cais. Estava localizado junto ao mar, mas hoje uma larga Avenida e toda a Praça da Estação das Barcas separa o Chafariz das águas da Baía de Guanabara.
O Chafariz é uma das obras que Mestre Valentim da Fonseca e Silva, virtuoso escultor e entalhador, filho de nobre português com uma escrava, realizou na cidade no tempo do Vice-Rei D. Luiz de Vasconcelos. Em 1990, o arquiteto Pedro Alcântara idealizou a escavação da área frontal do Chafariz, recuperando a visualização com o conjunto da escadaria original de acesso ao Cais.
O Chafariz, foi contruído em gnaisse carioca e representa uma torre, encimada por uma pirâmide com delicados ornamentos, tendo em seu topo a Esfera Armilar, que é o globo terrestre representado pelos paralelos e meridianos e simbolizava o poderio do Rei de Portugal ao redor do mundo. Na face que dá para o mar vêem-se as armas do Vice-Rei, acompanhadas de uma inscrição latina.
Na praça ainda podemos ver o Monumento ao General Manuel Luiz Osório, obra de Rodolfo
Bernadelli em homenagem ao militar que se destacou na defesa do Império na Guerra do Paraguai - 1864 a 1870. Foi
encomendado em 1887 e inaugurado em 1894, depois de fundido em Paris, na Fundição das Oficinas Thiébault, com o bronze de canhões tomados pelo Brasil, na Guerra do Paraguai.

























O Terreiro do Carmo, nome dado porque o largo que ficava em frente ao Convento do Carmo, existiu um prédio onde funcionava desde o Século XVII, o Armazém Del Rei. A partir de 1697 o prédio passou a abrigar a Casa da Moeda, que já funcionava desde 1694 na cidade de Salvador, na Bahia, e foi então transferida para o Rio de Janeiro. Nela foram instalados os fornos e a fundição real para processar o ouro que vinha das Minas Gerais. A fábrica foi fundada por ordem de D. Pedro II, 23o Rei de Portugal (1683-1706) que julgou que era necessário criar no Brasil um sistema monetário próprio, com o duplo objetivo de fornecer meio circulante à Colônia e de angariar tributos para a Coroa Portuguesa.
No início do Século XVIII, com as invasões francesas de 1710 e 1711, a casa foi afetada de formas diversas. Em 1710, corsários do francês Jean François Duclerc foram vencidos em violenta batalha travada no terreiro do Carmo, em frente à Casa. Parte dos prisioneiros ficou detida na cadeia ali existente. Em 1712, durante a invasão de Duguay-Trouin, o prédio foi fortemente bombardeado e teve suas oficinas inutilizadas, mas depois das invasões foi restaurado.
























Na travessa do Comercio, Carmem Miranda viveu seus ultimos dias...
Assistam ao vídeo(amador) abaixo:




No ano de 1743, vários comerciantes e moradores da rua do Ouvidor, no trecho denominado "da Cruz"(entre a rua do Mercado e Primeiro de Março), ergueram um oratório dedicado à N. Sra. da Lapa dos Mercadores na esquina de uma casa. Em 20 de junho de 1747, os comerciantes dos arredores da rua da Cruz se reuniram para decidir a formação de uma irmandade e a conseqüente edificação de um templo em honra à Nossa Senhora da Lapa Esta igreja foi chamada "dos  Mercadores".
Emitida a provisão para sua edificação a 04 de novembro de 1747, em dezembro seguinte, foram lançadas as fundações deste gracioso templo de planta elíptica. Desde 06 de agosto de 1750, já se podia benzer uma parte da igreja que estava pronta para o exercício do culto. De 1753 a 1755, concluíram-se os trabalhos. A decoração interna ficou pronta em 1766.
De 1869 a 1879, sofreu uma remodelação que eqüivalia a uma reconstrução. Nessa ocasião fez-se a entrada por uma galilé de três arcos fechada por grades de ferro e construiu-se a tôrre sineira central. A capela-mór foi muito ampliada. Durante as obras, foi encontrado enterrado atrás da Igreja um grande medalhão circular em mármore de Lióz representando a coroação da Virgem. Provavelmente estava destinado à Igreja da Ordem Terceira da Penitência, a qual pertencia o aludido terreno, e que, por algum motivo, não foi aproveitado. Foi então afixado à fachada principal, sobre a janela do côro. Duas esculturas em vulto redondo de santos em mármore de Lióz, feitas em Portugal, foram colocadas em nichos da fachada. Uma terceira, representando a religião, foi posta na tôrre.
Na decoração interior, muito colorida como era do gosto da classe comercial, as talhas de madeira se confundem com o estuque. Toda a obra de talha foi executada por Antônio de Pádua e Castro e os trabalhos em estuque por Antônio Alves Meira. Este último era de uma família de estucadores, cujo irmão trabalhou no interior da Candelária. Apesar da data tardia, a decoração da Nossa Senhora daLapa dos Mercadorespossui um estilo rococó tardio muito razoável e um conjunto muito gracioso.
Quando estourou a revolta na armada brasileira, em 06 de setembro de 1893, um tiro disparado alguns dias depois pelo encouraçado Aquidabã atingiu a tôrre sineira do templo, derrubando a estátua da Religião, que, apesar da queda de mais de vinte e cinco metros, sofreu poucos danos, sendo o fato considerado milagroso. Tanto a estátua quanto a bala encontram-se hoje na sacristia. Na tôrre, por sua vez, foi depois instalado o primeiro carrilhão da cidade, anterior ao da Igreja de São José.

Além do Paço, fazem parte do conjunto da Praça XV de Novembro, o Arco do Telles, a Bolsa de Valores, o Chafariz da Pirâmide e a Estação das Barcas, de onde partem as barcas, os aerobarcos e os catamarãs que fazem o transporte de passageiros pela Baía de Guanabara, para Niterói, Paquetá e Ilha do Governador.
Na Praça XV existiu, um grande Mercado Municipal, que teve sua construção iniciada em 1825 e ficou pronto em 1841, foi projetado pelo arquiteto francês Grandjean de Montigny e ia até a Rua do Ouvidor. Com as obras de reconstrução da cidade por Pereira Passos, no início do Século XX, ele foi demolido e em seu lugar surgiu um outro prédio todo metálico construído na Inglaterra e na Bélgica, com projeto de Alfredo Azevedo Marques. Dele atualmente resta apenas uma de suas torres metálicas, que eram cinco, onde funciona o Restaurante Alba Mar.
A tualmente um viaduto, o Elevado da Perimetral corta a Praça XV ligando o Aterro do Flamengo à Avenida Brasil. Em 1998 a Praça  foi completamente remodelada ganhando um subterrâneo por onde passam os ônibus e foi restaurado o Chafariz da Pirâmide, juntamente com um pedaço do antigo cais.
Ao fundo da Praça mas já pertencendo á Rua Primeiro de Março, existe ainda o importante conjunto arquitetônicoformado pelo antigo Convento e pela Igreja do Noviciato do Carmo que foi a Catedral Metropolitana até mudar-se para a Av. Chile e pela Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Monte do Carmo.




A história da Igreja de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé remonta aos primeiros anos de fundação da cidade, com a chegada dos carmelitas que nela vieram se instalar em 1590. Foram ocupar as antigas habitações dos beneditinos na Várzea, no Caminho de Manuel de Brito que deu origem à Rua Direita, onde já existia a Ermida de Nossa Senhora do Ó que foi utilizado como capela conventual.
Em 1619 teve início a construção do novo Convento em um terreno ao lado da Capela, com dois andares, cada um com 13 janelas. A construção dava vista para o campo em frente que na época ficou conhecido como Campo do Ó, atual Praça XV de Novembro. Neste Campo, o Conde de Bobadella edificou, em 1743 a nova residência dos Governadores, o atual Centro Cultural Paço Imperial.
A ermida desabou em um dia de festa soterrando os fiéis, mas sobre suas ruínas teve início a construção de um novo templo que foi inaugurado, em 1761, por Frei Inocêncio do Desterro de Barros mesmo sem estar completamente pronto com uma procissão solene. Sua decoração interior teve início em 1785, por Mestre Inácio Ferreira Pinto e constitui-se em um monumento do estilo rococó brasileiro.
Quando D. João chegou ao Brasil, em 1808, foi render graças pelo sucesso de sua viagem, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, que na época abrigava a Sé da cidade. D. João instalou-se na então Casa dos Vice-Reis, que passou a ser o Paço Real, em frente ao Convento do Carmo, que também foi ocupado pela Corte.
Na época os carmelitas foram instalados no Hospício dos Capuchinhos localizado na Rua dos Barbonos atual Evaristo da Veiga.
Em 13 de junho de 1808, D. João, por um Alvará Real elevou a Igreja à condição de Capela Real e logo depois também a Catedral, seguindo os moldes de Lisboa de acumular as duas funções no mesmo local. Em 1817, D. João mandou concluir a decoração interior da Igreja. As pinturas ficaram a cargo de José Leandro de Carvalho que pintou o painel do altar-mor no qual a Virgem Maria carregada entre nuvens tem a seus pés a Família Real e também as pinturas da nave.
A partir de 1808 todas as grandes solenidades religiosas da Corte de Portugal e depois do Império Brasileiro tiveram lugar na Capela Real:
  • em 1816 nela foi realizado o Réquiem pela morte de D. Maria I;
  • em 1818 nela foi realizada a Sagração de D. João VI – Rei de Portugal, Brasil e Algarves, a única sagração de um Rei europeu realizada em terras americanas, na ocasião sua torre recebeu um novo sino doado por D. João;
  • em sua Pia Batismal foram realizados os batizados de inúmeros príncipes e princesas da Casa Real, entre eles: em 1819 da Princesa D. Maria de Glória, que viria a ser a Rainha D. Maria II de Portugal; D. Pedro II e da Princesa Isabel;
  • nela foram Sagrados os dois Imperadores do Brasil: D. Pedro I em dezembro de 1822, quando ela passou a ser a Capela Imperial e D. Pedro II então com apenas 15 anos em julho de 1841;
  • em seus altares receberam as bênçãos nupciais: D. Pedro I em seus dois casamentos com D. Leopoldina em 1817 e com D. Amélia em 1829; D. Pedro II com D. Tereza Cristina em 1843 e a Princesa Isabel com o Conde d´Eu em 1864.
    O autor do projeto da Igreja é desconhecido, mas ao longo do tempo várias adaptações e acréscimos, modificaram bastante sua unidade arquitetônica, no entanto, o frontão da igreja permaneceu em Estilo Barroco. Quando em 1857, a Rua do Cano, hoje Sete de Setembro, foi levada até o Largo do Paço, a Catedral não sofreu alteração fundamental, pois seu corte atingiu apenas o antigo Convento do Carmo.
    Sua torre sineira possui um sino denominado D. João VI, fundido em 1822 por João Batista Jardineiro, nele está gravado o brasão da Família Real Portuguesa, no campanário existem outros seis sinos.

    Com a Proclamação da República a Igreja sofreu uma restauração e em 1900 foi reinaugurada como a Catedral Metropolitana, com grandes solenidades, em celebração do Quarto Centenário da Descoberta do Brasil.
    Em 1903 os resíduos mortais de Pedro Álvares Cabral foram transferidos da Igreja de Nossa Senhora da Graça da cidade de Santarém, em Portugal, para a Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro e nela se encontra até nossos dias, apesar dela não ser mais a Catedral.

    Uma bonitas obra, a pia batismal que batizou a Princesa Isabel, também se encontra no interior da igreja que pode ser visitada com guia local por um preço simbólico.
    No tempo do Cardeal Arcoverde, Arcebispo entre 1897 e 1930, a Igreja ganhou a torre do lado da Rua Sete de Setembro, de gosto eclético, que descaracterizou a fachada original. Nesta torre foram colocadas as armas e o chapéu cardinalício, mais acima o relógio e os sinos, na fachada foi colocada a imagem em mármore branco do Padroeiro da Cidade - São Sebastião que tem uma altura de 4,5 metro. Para comemorar o jubileu do Dogma da Imaculada Conceição, a Igreja ganhou, acima da torre, dentro de um círculo gradeado de ferro, a imagem de Nossa Senhora da Conceição, em bronze dourado. Estas reformas foram inauguradas nas Comemorações dos 100 anos da Independência do Brasil em 1922.



    Em 1941 a Igreja de Nossa Senhora do Carmo foi tombada pelo Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN. A Igreja da Sé manteve sua condição de Catedral até 20 de novembro de 1976, quando a Catedral foi transferida para a Av. Chile e ela passou a ser a Paróquia de Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé depois de ter sido por 168 anos a Sé da cidade do Rio de Janeiro.
    Em 2006, em virtude das más condições de conservação da Igreja que teve até partes ameaçadas de desabamento, teve início uma restauração completa da Igreja visando aprontá-la para as comemorações dos 200 Anos da Chegada de D. João ao Rio.

    A Igreja da Antiga Sé foi reinaugurada solenemente em 8 de março de 2008 e encontra-se aberta ao público para visitas, para concertos e para apresentação do espetáculo de som e luz que conta sua história, tendo voltado a ser um ponto de interesse cultural e turístico da cidade.
    Tem levado a seu interior uma grande quantidade de pessoas que vão visitá-la especificamente ou que apenas passam diariamente por um dos pontos de maior circulação do Centro em sua rotina de trabalho e de afazeres, em ambos os casos atraídos por sua beleza e imponência, mas ali vão desfrutar de algum tempo de sossego para resgatar um pouco da História do Rio e do Brasil, escrita em suas paredes ao longo dos seus 420 anos de sua existência.


    Altar Mor























    Deambulatório


     Tribunas, onde os imperadores assisitiam as solenidades

    Saída, quebra vento e acima o coro














    Na página A ANTIGA SÉ APÓS A RESTAURAÇÃO é apresentado o resultado das trabalhos realizados na Igreja para as comemorações de 2008.










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